A casa que eu nasci nela
Passa o tempo passa tudo, mas não passa
A saudade da casa que eu nasci nela
Tenho saudades da nossa casa de taipo
Tão indefesa perto da linha do trem
O trem passava a casa se balançava
Pratos, colheres tocavam um baião lá na cozinha
E nós corria da cozinha par sala
pra contar vagão de trem escorado na janela
Passa o tempo passa tudo, mas não passa
A saudade da casa que eu nasci nela
Tenho saudades daquele velho pilão
Do banco velho escorado na parede
Do alguidar que servia como pia
Do pote de água fria que mata a nossa sede
Do pau de lenha sempre aceso no fogão
E um punhado de feijão borbulhando na panela
Passa o tempo passa tudo, mas não passa
A saudade da casa que eu nasci nela
Mas tarde pai armava a nossa rede
De noite mãe acendia a lamparina
Ela saia da sala pra cozinha
E contava um por um todos os filhos que ela tinha
E eu ficava balançando em minha rede batendo o pé na parede
Olhando pra sombra dela
Passa o tempo passa tudo, mas não passa
A saudade da casa que eu nasci nela
A casa velha não é mais da nossa gente
É diferente daquela velha tapera
Hoje a casa velha parece uma mansão,
Mas meu pobre coração vê do jeito que ela era
Ela era feia mas cheia de alegria quando mamãe não daria
Pra ver nos de novo nela.
A saudade da casa que eu nasci nela