A revolução cantada
Na Granja Solar, um próspero “lar”
Próxima a vila de Willingdon
Os bichos de uma Inglaterra tão rica e moderna
Estão a se inspirar
Nas palavras do sábio porco Major
Que ao descrever seus desejos
Suas idéias de revolução
Seu sonho, sua visão
De que um dia os bichos ingleses
Poderiam ser um dia como aqueles
Aqueles que os dominam há tanto tempo
Que os forçam a trabalhar sem condições
E os “pagam” com pouca ração
E no coração dos bichos
As idéias de liberdade
Os sonhos de uma vida de verdade
Em que todos sustentam esperança
A vida boa seria uma realidade
Esperaram o dia sem agrado
Divididos pela ideia da revolta
De poder mandar no mundo a sua volta
E no aparecer da oportunidade perfeita
Quando Jones o fazendeiro
Bêbado, moribundo e esquecido
Dá a chance de se libertarem
Com alguma algazarra o velho é vencido
A granja solar agora era realmente um lar
E mesmo não tendo o velho Major
Que fora pela morte levado
A fazenda agora dos bichos
Era um marco de revolução inglesa
Espalhando os ideais
Agora tão leais
As cantigas as leis
Agra eles eram os reis
Os animais liderados pelos porcos
A população pensante animal
Mas que não produzia
Nem tanto quanto cavalos
Bois ou galos
Mas que organizavam e ensinavam
E a massa aprovava
Os lideres que sabiam tanto quanto o humano
Que um dia os mandavam
E que durante todos aqueles anos
Tiveram como aprender
A ler, criar, construir e escrever
Hoje comandam a Granja dos Bichos
Coisa que ninguém podia crer
Humanos tão descrentes
Agora passavam a ver
Que aqueles animais
Depuseram um colega
Implantaram suas regras
E espalham um grito
Um grito de mudança
Que toda a vizinhança
De bichos, de animais
Começaram a mudar
Sem poder esperar mais
E o novo líder
O porco Bola-de-neve
Um animal sábio e fiel
Com intenção de igualdade
Criou as regras, as regras da liberdade:
Primeiro: qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimiga.
Segundo: Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo.
Terceiro: Nenhum animal usará roupas.
Quarto: Nenhum animal dormirá em cama.
Quinto: Nenhum animal beberá álcool.
Sexto: Nenhum animal matará outro animal.
Sétimo: Todos os animais são iguais.
Assim estipuladas, as regras
De que todos os animais
São iguais
E agora podiam viver em paz
Cada qual com sua tarefa
Sua missão, sua meta
O cavalo Sansão
Fiel e trabalhador
Assim como muitos dos bichos
Não muito entendia
Somente sabia
Que para ajudar
Sempre mais ele tinha que trabalhar
E muitos outros o eqüino inspirou
Trabalhando para si mesmos
Não tinha como não produzirem
Tudo era aproveitado e organizado
Uma fazenda fora do comum
Os homens não acreditavam
Como bichos faziam algo
Que todos eles tardavam
Liderados pelos sábios animais
Justos e leais
Prosperaram como nunca mais
Todos os humanos ficaram para trás.
E com tanta abundancia
Controle e festança
Logo a população cresceu
E o esperto Napoleão
Seu plano arquitetou
A pequena ninhada das cadelas
Ele tomou e começou a treinar
Máquinas de morte ele estava a fazer
E ninguém podia perceber
Certo dia o fazendeiro Jones
Querendo sua desforra
Apareceu na sua porta
Os animais já esperavam
A luta começaram
Com grande esforço batalharam
E foram recompensados
Arduamente derrotaram
O inimigo humano que odiavam
Novamente triunfaram e mostraram seu poder
Todos os humanos passaram a os temer
Com tanta prosperidade
A granja passou a evoluir
E os planos de Bola-de-neve
A maioria passou a compreender
Porem a égua Mimosa
Acostumada ao bom viver
Cansada de trabalhar sem regalia
A granja abandonou
E para os humanos ela voltou
Sem se importar com a traição
O sábio Bola-de-neve
De sua sabedoria usou
O moinho se pensou
Era a solução
Produção, conforto, diversão
Tudo isso era muito bom
A grande massa aprovou
Porém o vil Napoleão
Colocou seu plano em ação
Dividiu a granja em opiniões
Com a ajuda das ovelhas berrantes.
Discordava de seu colega
Dizia que o moinho não ia dar certo
Mesmo sabendo que não era verdade
Não compartilhava as idéias de liberdade
Depois de muita discussão
O porco gordo e egoísta
Pôs suas armas à vista
Os cães que havia treinado
Agora eram matadores com agrado
Puseram o pobre líder pra correr
E os bichos começaram a os temer.
Tomando agora o poder
Napoleão, ditador pior não poderia ter
Iniciou seu plano há muito arquitetado
E com medo e palavras falsas controlou a bicharada
Que não era tão sabida e estudada
E por tanto não podiam fazer nada
Passaram a trabalhar mais
Porque o inescrupuloso ditador
Resolveu montar a maquina e que ele tanto tentou impedir de criar
E todos trabalhando forçado
Com a ração cortada
Com privilégios dados aos porcos
Mesmo assim muitos continuavam
Talvez por falta de inteligência
Ou por inspiração nos atos de Sansão
Que ainda trabalhava incansável
Sempre inabalável passou a se questionar
Se os atos do porco Napoleão
Eram os mesmos que o velho Major ia aprovar
E com sua credibilidade na granja
A liderança do ditador passou a ameaçar
Mas com uma lábia afiada o porco soube se virar
Inventou mil e uma mentiras e a leis passou a mudar
Ninguém podia contestar
Já que os únicos que sabiam ler eram
A velha égua Quitéra e o burro
E passou ainda a contar
Com a ajuda do habilidoso Garganta
Que muito bem sabia articular
Discursos e convencimentos eram seu forte
Maleava até os animais de grande porte.
Assim os bichos passaram para outra era
Uma era de infelicidade
Trabalhar, comer, dormir
Essa era sua realidade
Diversão nem pesar, só podiam trabalhar
Tão infelizes quanto com Jones
Mas mal podiam se lembrar
O meticuloso Napoleão mudara tudo
História, fatos, leis
Agora não eram mais reis
Eram os porcos
Que cada vez mais faziam nada e recebiam mais.
Com o moinho pronto e exaustos de tanto laborar
Porém a fraca fundação
Num ataque da granja vizinha que a destruiu
O esforço que todos tiveram
No chão caiu
O pior mal que já se viu.
E usando de sua esperteza
O porco ditador pôs a culpa no honesto
Bola-de-neve
Que agora era culpado por tudo de errado.
Novamente os sofridos animais voltaram a labutar
Sempre mais arduamente e com menos ração
Trabalhavam sem condição
Ainda fora proibida a canção
Aquela que um dia instigou a revolução.
No inverno gélido
Sem colheita sem comida
Puderam dizer que realmente
Pioraram de vida
Mas o tempo passa
Mais uma vez o moinho se apronta
E agora protegidos e reforçados
Ele permanece de pé
Só que o esforço não pára
Continuam a trabalhar
Sempre com a produção alta
A ração escassa mesmo com abundância
Tudo pela ganância
Do porco Napoleão, animal sem coração
Precisando de produtos
Para outro moinho produzir
Iniciou com os humanos
Uma amizade que pior ainda está por vir
Comercializando o excesso da granja
Pôde outro moinho montar
Só que a idade dos bichos só tendia a aumentar
E a aposentadoria, promessa tão aguardada
Deixou de ser verdade
Não seria realizada
E o velho Sansão
Já não se agüentando de cansaço
Continuava a se esforçar
Sempre achando que tinha que ajudar.
E o tempo continua passando
A prosperidade da granja aumenta.
Um golpe na dignidade dos bichos e dado
O maléfico porco muda o nome da Granja
Para Granja Solar novamente
E os bichos se revoltam secretamente
Mas mais uma o ditador os controlou
Botou seus cães para matar
E o medo passou a se instaurar.
Os animais sofrem outro golpe
Quando são atacados novamente pelos humanos de Jones
Uma batalha perigosa onde o velho Sansão sai ferido
Alvejado pelos tiros de humanos ainda consegue trazer a vitória
Mas ninguém se importa,
Pois o que um dia foi uma cavalo aprumado
Agora está despedaçado
E o vil ditador o manda pro matadouro
Onde será transformado em ração
Um golpe no coração
Mas ninguém sabe
Pois ninguém sabe ler e não podiam ver que estavam sendo enganados
O poderoso cavalo fora levado achando que ia ser curado
Somente a Quitéra que já velha ainda pode enxergar
Aonde a carroça o iria levar.
O tempo passa mais ainda
O mesmo esforço, mais moinhos, mais produção e ainda sem satisfação
Somente os porcos que passaram a regozijar da vida boa que passaram a levar
Na casa dos humanos foram morar
Nas camas dormiam
Álcool consumiam
E aprenderam a andar sobre duas patas
Tornaram-se aquilo que um dia mais odiaram.
Os animais, coitados
Nada podiam fazer, não sabiam ler
Manipulados podiam ser
E de nada se lembravam,
Pois foram ludibriados
O ardiloso Garganta as leis alterou
E ninguém viu
Ninguém reclamou
E assim os dias se passaram
Bons para os porcos
Péssimos para o resto
Muitos morreram exaustos na velhice
Muitos nasceram
E depois de tanto tempo já se acostumaram
Acostumaram a viver na mediocridade
Que agora era sua única realidade
Humanos passaram a freqüentar sua granja
Enquanto o porco sua abundancia esbanja
Jantares, bebedeiras festas
Tudo isso os porcos aproveitavam
E os animais sofriam
Mas nem se davam conta disso.
Os costumes, tradições e os símbolos
Todos acabaram enfim
Os porcos se tornaram tão humanos
Que certa noite
Num jantar com os vizinhos
Aqueles mesmos que os atacaram
Uma gritaria, uma confusão
Começou entre os porcos e humanos
Os animais olhavam para os dois
E não sabiam dizer quem era o porco
Quem era o humano.
Lásaro Alves dos Santos
De queixo caído aqui. Comecei a ler, parei, voltei só para confirmar: esse texto foi escrito por um aluno seu, Sandro? Meu Deus, a que mentes brilhantes você leciona!
ResponderExcluirEstou chocada. A Revolução dos Bichos é uma obra magnífica. Deveria ser obrigatória em toda escola. Já ouvi de muitos que a lerem e não compreenderam. Seu aluno, todavia, mas que entender a obra, fez um resumo sem igual! A Revolução dos Bichos está aí, cantada, sem retirar nem acrescentar! É esse o espírito!
Por gentileza, repasse meus parabéns a ele. Se houver oportunidade, depois gostaria de conhecê-lo e trocar umas ideias. E parabéns a você também. Professores contribuem muito para o surgimento de mentes criativas.
Abraços!
Fátima Menezes - @fatimamd
http://recantodecaliope.blogspot.com